Com Rui Torres e Sandra Guerreiro Dias
Em 2022, prosseguindo uma abordagem atenta à circulação transnacional das práticas e das ideias, o ciclo Histórias do Experimental incide em particular sobre o experimentalismo em Portugal, partindo de episódios concretos relativos a pessoas, experiências e lugares. A partir de arquivos, testemunhos e estudos, interroga-se a prática e o ensino das artes em Portugal, conhecendo-se lugares de aprendizagem, de apresentação e de circulação, e percebendo a fronteira entre géneros como porosa e funcional. Em causa encontra-se a localização, conhecimento e problematização de alterações formais e filosóficas no fazer artístico e cultural, procurando entendê-las política e esteticamente nos seus contextos de origem, questionando a sua operacionalidade então ̶ e o que nela nos separa de hoje (ou não). O foco tripartido nas pessoas, experiências e lugares procura, por acumulação, contribuir para dar a conhecer uma galeria de episódios que juntos perfaçam um quadro menos lacunar do experimentalismo que por aqui foi tendo lugar. A ênfase no “em Portugal” por contraponto ao “português” desenha um território atravessado em que imagens, ideias e desejos participam de formas cosmopolitas e modernas de estar no mundo, um mundo que é do séc. XX e XXI.
Nesta sessão, apresenta-se o filme de uma entrevista de Ernesto de Sousa a E. M. de Melo e Castro, seguindo-se uma conversa entre Rui Torres (Universidade Fernando Pessoa e Instituto de Comunicação da Universidade Nova de Lisboa) e Sandra Guerreiro Dias (Instituto Politécnico de Beja e Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra).
A conversa partirá da apresentação de diferentes exemplos de objetos poéticos que, pela sua variedade material e diversidade medial, sinalizam a fragilidade das fronteiras entre géneros artísticos e literários, reclamando a ineficácia de definições e classificações rígidas e estanques. A poesia experimental circula através de diferentes espaços, mobiliza distintos atores e configura diálogos e colaborações que acionam variadas práticas e vivências. Aventura da criação, pretende reinventar a FESTA e, com ela, a “esperança libertadora de encontrar uma função ritualista de participação para o acto estético” (Ernesto de Sousa, 1973).
Serão apresentadas e discutidas obras disponíveis no Arquivo Digital da PO.EX (POesia EXperimental), a partir da natureza material dos seus registos (Materialidades, isoladas ou híbridas), das tipologias textuais onde se esgrimem (Géneros, mais ou menos emergentes), evidenciando e homenageando os seus agentes/operadores (Autores).