ARTHE – Arquivar Teatro

Entidade financiadora: Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PTDC/ART-PER/1651/2021)
Investigador Responsável: Maria João Brilhante
Investigador Co-responsável: Ana Bigotte Vieira
Unidade de Investigação: CET – Centro de Estudos de Teatro
Parceiros: Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), o Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II), o Teatro Nacional São João (TNSJ), o Museu Nacional do Teatro e da Dança (MNTD), o Instituto de História Contemporânea (IHC) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), e o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).
Duração: 36 meses
Financiamento: 246 446,28 euros
Resumo: O projecto ARQUIVAR O TEATRO propõe-se identificar, mapear e estudar a situação dos arquivos do teatro em Portugal, de modo a estabelecer um plano de boas práticas envolvendo uma rede de instituições. Partindo da análise de dois importantes arquivos doados recentemente ao Centro de Estudos de Teatro /FLUL – os arquivos do Teatro da
Cornucópia, companhia incontornável na renovação estética e política do teatro pós 25 de Abril e de Mário Barradas, principal promotor da descentralização teatral – e estendendo a metodologia de pesquisa a outros arquivos de companhias de teatro no país, procura-se aprofundar a análise das políticas de conservação públicas e privadas, para promover a preservação, acessibilidade e estudo dos mesmos.
Tendo como ponto de partida o Teatro dito “Independente” (nome que se deu ao conjunto heterogéneo de companhias não comerciais que cresceram no pós 25 de Abril) mas não se esgotando nele, antes procurando uma cartografia alargada que lhe procure filiações, descendências e influências nacionais e internacionais, visa igualmente contribuir para a discussão sobre o papel das práticas de arquivo, como artistas e académicos a vêm fazendo, para a construção de historiografias das artes performativas transnacionais e descentradas.
Se em ditadura o teatro independente se constituiu como um pólo de resistência, ele foi, durante a revolução, um importante interveniente. ARQUIVAR O TEATRO será o primeiro projecto a realizar uma aproximação a este tipo de documentação para identificar existências, lacunas e modalidades de arquivamento praticadas pelas companhias e instituições, com vista a construir um mapa nacional e a combater o desaparecimento de informação fundamental para conhecer as mudanças profundas introduzidas nas práticas de organização e criação de novas companhias e nas formas artísticas do teatro em Portugal a partir da década de 70.
O projecto surge da premente necessidade de aceder aos arquivos para compreender o que dizem acerca do impacto das transformações sociopolíticas, culturais, dramatúrgicas e estéticas provocadas pelo fim da ditadura (1974), pela admissão à CEE e pelas políticas neoliberais, mas também para apontar os efeitos devastadores da austeridade imposta ao país a partir de 2008, manifestados no encerramento (e consequente dispersão do arquivo) de muitas companhias ditas “independentes”, criadas no processo de descentralização após a Revolução e com décadas de actividade. O mapeamento nacional inclui uma abordagem comparatista de iniciativas europeias e não europeias semelhantes que vêm desenvolvendo conhecimento sobre arquivos no sentido de reconfigurar e re-memorar o potencial transformador das práticas comunitárias nas artes performativas. Historiadores brasileiros têm estado ligados à investigação do CET sobre histórias de teatro globais e esta parceria irá prosseguir. Assim, ao mapear e analisar os arquivos do Teatro da Cornucópia e de Mário Barradas, bem como outras companhias com arquivos bem documentados, o projecto tornará visíveis conexões com uma rede artística e de produção nacional e internacional.
ARQUIVAR O TEATRO aprofunda e continua uma série de acções já levadas a cabo pelo Centro de Estudos de Teatro em ligação com outras unidades de investigação e com os agentes do tecido teatral. Em 2017, o Teatro Meridional encomendou ao CET a criação de um dispositivo electrónico para organizar toda a documentação associada ao trabalho criativo e de produção da companhia, com vista a permitir a gestão dos dados produzidos. O conhecimento gerado por essa incursão no arquivo e pela activação da memória incorporada dos artistas da companhia é algo que deverá ser resgatado para este projecto. Em 2017 foi feito o inventário do arquivo do Teatro da Cornucópia preparando a sua doação à FLUL (ver documentos anexos).
Em 2018, o CET e o IHC organizaram um ciclo de conversas, intitulado Teatro contemporâneo em Lisboa e no Porto: espaços, acervos, arquivos, com a presença de membros das principais companhias de teatro destas cidades e responsáveis por bibliotecas e arquivos de teatro e dança sob alçada do Estado para discutir em conjunto a crítica situação dos arquivos de teatro em Portugal. Na mesma ocasião a FLUL deu a conhecer os seus espólios de teatro através de uma exposição dos arquivos de Osório Mateus, Mário Barradas, Mário Jaques, Mário Sério, Teatro da Cornucópia (https://teatroemespolios.wixsite.com/teatroemespolios).
Com o Teatro do Bairro Alto, o CET está a organizar a série de conferências sobre “Histories of the Experimental”, abordando a experimentação nas artes performativas através dos arquivos de um ponto de vista transnacional. Os arquivos de teatro ganharam importância na actual situação pandémica. Respondendo a isso, o CET ajudou a conceber uma linha de financiamento do Ministério da Cultura para tratamento de arquivos pelas próprias companhias, a realizar em 2021.



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