O século XX foi testemunha de múltiplas alterações estéticas e processuais no campo do teatro, nomeadamente na estreita e complexa relação entre o texto teatral e a encenação.
O drama (entre crise e emancipação) foi sendo moldado pelas vanguardas teatrais modernistas e pós-modernistas que deixaram como legado a reinvenção de um fazer teatral. O diálogo que encenadores e dramaturgos estabeleceram com os demais géneros artísticos, em particular com as artes visuais ou com a dança, obrigou o teatro a revisitar a sua herança e a abrir-se a novas metodologias e práticas de criação, fomentadas pelos inventores (e seguidores) de um teatro afastado da centralidade do drama aristotélicohegeliano. Os fragmentos, monólogos, as micro-ficções, os textos-materiais e outras formas textuais, definem hoje o corpo de um drama profundamente renovado, que ocupa e contamina, já não o centro, mas as margens dos processos e dos objectos teatrais.
Este colóquio internacional, que decorreu entre 24 e 26 de Maio, procurou oferecer um espaço dedicado à reflexão desse movimento, através da análise de processos, metodologias e objectos teatrais e coreográficos. Com vista à partilha de perspectivas e olhares críticos sobre a presença da literatura (no seu sentido mais amplo) na dança e no teatro contemporâneos, o colóquio pretende reforçar o diálogo entre as duas disciplinas artísticas e os seus respectivos domínios de investigação académica, através do lugar do texto.