Teatro Português do Século XVII: uma biblioteca digital

Fausto: Uma Existência Digital

Entidade financiadora: FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/CLE-LLI/122193/2010)
Investigador Responsável: José Camões
Unidade de Investigação: CET – Centro de Estudos de Teatro
Duração: 01-01-2012 a 31-01-2015 (37 meses)
Financiamento: 88.985,00 euros
Resumo: O projecto propõe-se editar a totalidade do teatro de autores portugueses do século XVII, constituindo uma biblioteca digital alojada no sítio de Internet do Centro de Estudos de Teatro, como acontece já com o teatro português do século XVI (www.cet-equinhentos.com), para o qual o CET desenvolveu e apurou técnicas de edição e publicação electrónica que permitem a consulta universal da totalidade dos textos de teatro do século XVI, disponibilizando as imagens dos manuscritos e primeiras edições, fornecendo um completo e complexo aparato de notas que estabelece hiperligações entre os textos, e uma bibliografia exaustiva. A equipa de edição encontra-se, assim, em condições ideais para encetar agora a mesma tarefa relativamente ao século XVII. O trabalho será levado a cabo por um conjunto de especialistas em crítica textual, paleógrafos, ensaístas, historiadores, capaz de disponibilizar informação rigorosa, do ponto de vista filológico, com as ferramentas e aplicações mais bem adaptadas aos futuros utilizadores, desde os eruditos e os que se iniciam na investigação até aos meros curiosos. Para além de actualizar a investigação neste campo, o projecto permitirá resgatar um importante número de textos de autores portugueses esquecidos ou inéditos, fixando a sua leitura e divulgando-os. O projecto orienta-se no sentido da reescrita da História do Teatro e da Literatura promovendo a pesquisa e recolha de colóquios, comédias, loas, entremezes, e, posterior, edição das peças de teatro escritas por autores como Francisco Rodrigues Lobo, Francisco Lopes, Pedro Salgado, Manoel Coelho Rebelo, Manuel Araújo de Castro, Miguel Botelho de Carvalho, Soror Violante do Céu, Soror Maria do Céu, e a consideração de outros que poderão ter escrito em castelhano sobre temática exclusivamente portuguesa, como António de Almeida ou Jacinto Cordeiro, para além de casos raros, como o de imitações / paródias ou até de traduções seiscentistas e setecentistas para português, como as feitas das obras de João de Matos Fragoso que, aparentemente, terá escrito o seu teatro exclusivamente em castelhano, destinado a um mercado espanhol mais vasto. Ter-se-á em conta as comédias de judeus residentes no século XVII em Amesterdão, de que se conhece um único título, em exemplar também único (Os sucessos de Jacob e Essaú), sendo de considerar a existência de outros autores exclusivos, talvez, do império, que terão desenvolvido a sua actividade em territórios fora da Europa, como o Brasil ou a Índia. Trata-se de refutar a ideia convencional da ausência de uma produção dramática de autores portugueses neste período, nomeadamente, no tempo dos Filipes. Mesmo depois da restauração, o gosto do público permanecia moldado nas formas espanholas, permitindo, todavia, algumas incursões nacionalistas na dramaturgia, sobretudo de temática de exaltação nacional em detrimento da antiga nação ocupante do trono português, utilizando mesmo o castelhano com ironia. Estudos recentes e pesquisa começada a desenvolver em várias bibliotecas dão conta da existência de um elevado número de obras teatrais, apenas com uma edição na época da sua produção ou fixadas em manuscritos autógrafos dos seus autores ou em cópias de curiosos, que atestam intensa actividade dramatúrgica, versando temáticas diversas, desde as de índole universal até à escrita comprometida de um núcleo a que se poderia chamar «teatro da Restauração», de que são exemplo títulos como La feliz restauración de Portugal y muerte del secretario Vasconcelos, de Manuel Almeida Pinto (1649), La mayor hazanã de Portugal, de Araújo de Castro (1645), Comedia del conde de Castelmelhor en Indias, de António de Almeida (1645), A maior glória de Portugal e afronta maior de Castela, de Pedro Salgado (1663). Uma vez concluído, o projecto permitirá associar os resultados alcançados a outras disciplinas: a) das ciências da linguagem, como a linguística, disponibilizando o conjunto vocabular utilizado pelo texto teatral, que, pelas condições específicas da sua autodescodificação, o torna particularmente apto para estudos lexicográficos, e fornecendo contextos de uso do bilinguismo; b) dos estudos artísticos, como a arquitectura e as artes plásticas, dando conta do trabalho literário e revelando experiências cénicas barrocas, contribuindo para a reconstituição histórica do barroco em Portugal, de que o teatro tem estado sistematicamente arredado. O projecto assume capital importância ao contribuir para uma necessária reorganização do património teatral português, destacandose como objectivos gerais: a) redefinição do cânone dramático português b) contribuição para a definição de um mapa de géneros e temáticas do universo teatral do barroco português e sua integração nos modelos estéticos europeus c) fixação e preservação dos textos cuja análise resulta na construção de saberes e estudos da identidade cultural portuguesa d) valorização de novos meios editoriais decorrentes da aplicação de novas tecnologias.

Link: http://www.cet-e-seiscentos.com/

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