Partindo do princípio que o teatro é uma arte da imagem, estuda-se o teatro de Gil Vicente (activo entre c.1502 e 1536), aproximando-o das artes plásticas coevas.
Analisa-se o contexto artístico do tempo de Vicente, as condições sociais dos artistas, o modo como o poder faz reproduzir a sua imagem, o gosto e a recepção das obras. Estudam-se pontos de contacto entre a produção teatral e a produção nas artes plásticas nas grandes festas urbanas, civis e religiosas, nomeadamente na Entrada Real de 1521, em Lisboa, e nas procissões do Corpus Christi.
Num segundo momento da dissertação, desenvolve-se a leitura iconológica de Breve Sumário da História de Deos, através de metodologia própria. Ensaia-se um restauro da caracterização das figuras, das acções e do espaço representados nesse auto. Propõe-se, assim, um inquérito ao teatro de Vicente através da perspectiva iconográfica, que permitirá acrescentar informação substancial ao estudo da componente espectacular do seu teatro e ultrapassar a abordagem literária que dos seus autos tem sido feita.