O teatro nasce para ser representado e não para ser lido. Por enquanto, esta sugestão não passa de uma hipótese; e se continuar encerrada nas páginas de livro pouco mais será do que um equívoco. Só o suporte da tradução dada pelo gesto e pela voz, pela cor e o ritmo, pela mímica, pela música e, finalmente, pelo público, tornará expressiva a complexidade do sonho do autor.
Sim, há sonhos frustrados, todos o sabemos. Mas só o microscópio da representação dispõe de lentes capazes de denunciar se este nasceu doente, se vai morrer embalsamado, ou se terá alentos e fôlegos para viver muitos anos e bons.
[in prefácio de Alves Redol a O Destino Morreu de Repente, 1967]
Organização: Miguel Falcão