Os temas da descolonização, decolonialismo e pós-colonialismo aparecem frequentemente em espaços académicos e artísticos. Porém, como decolonizar ou descolonizar sem mexer nas estruturas verticais da organização do poder, sem transformar as estruturas académicas que refletem formas de dominação colonial e sem questionar a estrutura económica capitalista que promove a escassez e prospera com base nisso? Uma estrutura que eleva algumas pessoas em detrimento de outras? Com sistemas hegemónicos de economia e conhecimento em funcionamento, e enquanto corremos todos, tanto estados como indivíduos, para fazermos parte do seu grupo seleto, será possível romper, de facto, com a colonização? Estas são as perguntas lançadas em jeito de desafio pelo artista e investigador Marinho Pina no âmbito da 8ª edição de Conversas (In)seguras. Desta vez na Casa do Comum, prosseguindo a natureza nómada e de transumância crítica que caracteriza este tipo de encontros. Marinho Pina, preguiçoso amador (com esperança de profissionalização). É um artista transdisciplinar e contador de histórias em vários formatos: performa, dança, escreve, toca, canta, poeta, arquitetura, desenha, dorme, etecetera, mesmo aos fins de semanas e feriados. Foi trolha e calceteiro, agora donquixoteia-se por aí e por ali contra moinhos decoloniais, descoloniais, neocoloniais, anticoloniais, contra-colonias, retro-coloniais, qualquer-coisa-colonial, e não achou melhor lugar para isso do que a academia (não o ginásio, pelamordideus). É também arquiteto e assistente de investigação no DINÂMIA’CET–ISCTE onde faz um doutoramento sobre Espaços Sagrados em Bissau. Criado com histórias e risos, acredita na liberdade e no poder da comunhão existente na migração ativa e coletiva entre ouvir e falar.
Organizadores: Maíra Santos, Gustavo Vicente & Gisela Doria (Centro de Estudos de Teatro-FLUL-Universidade de Lisboa)
Quando: 14 de Novembro de 2024, 18h-20h
Local: Casa do Comum, R. da Rosa 285, 1200-385 Lisboa
Conversas (In)seguras começou por ser um ciclo de conferências à distância com artistas, académicos e outros pensadores convidados em torno dos estudos artísticos. Esta foi uma das estratégias do Centro de Estudos de Teatro para buscar novas formas de estar e pensar em conjunto no contexto pandémico, mantendo o fluxo provocador de discussões académicas. No seguimento do alívio das restrições sociais, o ciclo passou a adoptar o formato presencial, preservando o apetite pelo lado mais ousado e imaginativo das conversas ao vivo.
Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito dos projetos UIDB/00279/2020 e UIDP/00279/2020.