Por esta hora, em outros anos, estaríamos agora a pensar onde ou o que iríamos jantar antes de um espectáculo – e que espectáculo iríamos ver. Muitos de nós aprumávamos as últimas notas em cadernos de bolso para as maratonas de mesas redondas, lançamentos, conversas, debates sobre teatro… Passaríamos o dia a trocar mensagens, abraços e beijos de “bom Dia Mundial do Teatro!”. Em outros anos, passaríamos por este dia como num feriado, contentes e secretamente felizes por nos sabermos parte de uma comunidade – uma comunidade de resiliência indómita que atravessa tempos e fronteiras.

Este ano é diferente. Este ano é muito diferente. Mas a comunidade a que pertencemos – a de quem pensa e faz teatro – não se deslaça assim. Hoje passamos o dia a pesquisar qual o próximo espectáculo disponível em linha, a que horas é o streaming, o live chat… ou a discutir (com quem ainda tem paciência para nos ouvir) sobre o pernicioso que pode ser tanto teatro na internet e como pode isso levar a uma redefinição das artes vivas… É um dia diferente. Mas, mais tarde ou mais cedo, cá estaremos para os debates e para os espectáculos, para os abraços e os beijos. (sem medo, porque infectados de teatro já estamos há muito).

RPC