O workshop propõe um formato que fomos descobrindo ao longo dos últimos anos, trabalhando em escolas de arte e festivais. A nossa abordagem situa os participantes do workshop como colaboradores a partir do primeiro dia, pois é com eles que contamos fazer e performar tudo o que ali acontecer. O enquadramento permite-nos alternar entre diferentes campos disciplinares e práticas artísticas, de modo a convocar estratégias poéticas e fluidas de implicação com manifestações de ‘poesia sonora’ e outras artes de voz, em consonância com as necessidades do contexto que nos acolhe e com as inquietudes do momento.
‘Poesia Total’ é um termo criado pelo poeta italiano Adriano Spatola, uma expressão que aparece no seu livro Toward Total Poetry, quando “procurava um suporte total que escapasse às limitações da poesia e pudesse incluir o teatro, a fotografia, a música, a pintura, a tipografia, técnicas cinemáticas e qualquer outro aspecto da cultura capaz de sustentar a ambição utópica de revitalizar e reformular a arte”. Para nós, esta instância abre uma via com dois sentidos. Se Spatola parte da poesia para abordar as outras artes, também podemos proceder ao movimento inverso e abordar a poesia através das outras artes, como recurso para experimentar com as potencialidades – de criar o in/compreensível, de fazer e desfazer sentidos, de percepcionar – da linguagem e com todas as suas capacidades performativas.
A convicção que sustém a nossa abordagem é que os nossos sistemas de comunicação são regulados por estruturas normativas de poder (inerentes à linguagem), que apelam à contestação e à revisão. A retórica tem vindo a ser subvertida pela política, tal como a poesia tem vindo a ser (ab)usada pelas indústrias publicitárias. Contra tal terror, adoptamos diversas formas de fazersentidos na fronteira com o murmúrio, o gaguejo, o canto, o grito de amor ou o ‘ficar sem palavras’ [wordlessness, segundo Stefan Hertmans]. Contra o poder da autoridade convocamos a força da expressão vocal libidinal. E nisto não estamos sozinhos: no workshop mapearemos os nossos aliados e as nossas fontes de inspiração, através de estudos de caso, leituras, projecção de materiais originais do ‘futurismo orgânico’ russo, e de outros movimentos de contestação e de prática avantgarde.
Globalmente, o workshop propõe repensar a nossa actividade vocal a partir de um largo espectro de posições a habitar e/ou a deslocar.
Como submeter a candidatura
Enviar um parágrafo de motivação (até 250 palavras) e uma biografia resumida (até 150 palavras), em inglês ou em português, para pcaspao@gmail.com até 31 de Março.
A notificação de aceitação das candidaturas será enviada até 5 de Abril, e confirmada após pagamento de uma taxa de inscrição: 40€
A língua do workshop é o inglês. Decorre entre 24 e 26 de Abril, mas é um compromisso que inclui disponibilidade para participação – como performer no trabalho final decorrente do workshop, ou como espectador e (potencialmente) conversador – na soirée de 27.
Para consultar a chamada para workshop clique aqui.
APOIOS: Centro de Estudos de Teatro / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Casa Atelier Arpad Szenes Vieira da Silva, Espaço Alkantara, Teatro do Bairro Alto.