Da experiência teatral de Camões restam três momentos: Anfitriões, Seleuco e Filodemo, sinais divertidos de quem se deixou seduzir por uma arte que no século XVI assumia recorte próprio e autores exclusivos, mas que convidava também escritores de poesia, como Sá de Miranda, António Ferreira ou Camões.
Ignorado pela História da Literatura e pela História do Teatro até há bem pouco tempo, Filodemo é, no entanto, um caso exemplar de súmula da arte de um poeta. Expressas em novo estilo cómico (prosa) e em metro velho (redondilha maior), nele se expressam as problematizações filosóficas que a crítica habituou a descortinar na Lírica, veiculadas aqui por vezes em tom irónico e mordaz, que também usa nas Cartas, transformadas de novo na invenção teatral.