Neste volume apresenta-se pela primeira vez um estudo de conjunto sobre a versificação de Gil Vicente, contextualizando-a no universo lírico e dramático ibérico. Segue-se um ensaio que dá conta da pluralidade de vozes que habitam o seu teatro, do modo como interpelam quem as ouve, e da especificidade do discurso de cada um dos géneros teatrais que cultivou. A construção das figuras pelos corpos dos actores e outros materiais cénicos é abordada num breve ensaio que questiona a sua distribuição pelo texto e a possibilidade de um elenco.
Elemento essencial ao teatro de Gil Vicente é a música, aqui considerada a partir das funções que desempenha na mais emblemática das suas tragicomédias, um género sobre o qual nem todos os investigadores chegam a uma definição concorde, e que neste livro é objecto de estudo num trabalho que propõe um olhar sobre a disposição dos títulos na compilação das obras do autor.
O livro, e os folhetos que o antecederam, foram e são garante da transmissão textual, promovendo leituras e diálogos. Isso mesmo se nota quando, neste tomo, se indaga se, na segunda metade do século XVI, nomes maiores da literatura portuguesa não terão sido leitores de Gil Vicente, ou quando se estudam os modos como compositores do século XX se valem da obra de Gil Vicente enquanto veículo de mensagens próprias nas suas composições operáticas.