Este volume inaugural da colecção Entr’acte: études de théâtre et performance do Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa reúne um conjunto de textos que fundamentam e problematizam o conceito de ilusão no espaço teatral europeu e o modo como críticos, dramaturgos e encenadores se têm posicionado relativamente à determinação de uma especificidade teatral propícia à ilusão.
A imitação teatral na acepção aristotélica propiciou a transformação do palco num verdadeiro theatrum mundi e instituiu diferentes posicionamentos perante o conceito de verosimilhança tendo motivado a poética do texto dramático durante largos séculos e moldado, de diferentes formas, a intensidade da ilusão no teatro. Ilusão da verdade, imitação da imitação, imago veritate imitatio vitae, speculum consuetudinis, a criação teatral não podia, por isso, alienar-se da sua função essencial de delectare e iludere.
Determinar a axiologia referencial/ilusionista ou não-referencial/anti-ilusória permite-nos delinear a forma como cada autor/tradutor/encenador, nas suas sucessivas produções artísticas, foi ilustrando e teorizando a problemática da ilusão e da mimese criando diversificadas técnicas que permitiram dar resposta a esta questão complexa da correspondência entre o real e a criação de uma certa visão do mundo, de entre as quais a mise en abyme e o teatro no teatro constituem apenas algumas ilustrações.