As abordagens e estudos aqui apresentados ilustram bem o modo como a genética teatral se tem renovado nos últimos anos, à escala europeia, conduzindo a investigação a um alargamento epistemológico em torno da noção de obra, entendida como obra em movimento. Se olharmos para as condições de produção e circulação cultural, apercebemo-nos de que qualquer criação dramática ou teatral implica uma lógica de recriação, ou melhor, de reescrita. Este fenómeno pressupõe vários processos de apropriação e até de manipulação. A isto acresce a questão da transposição dramática, ou mesmo da remodelação poética ou transmodalização, que implica a passagem de um género para outro, seja da pena do mesmo autor, seja através da apropriação de um texto de outrem por outro. Como desvendar estas redes de circulação de obras no tempo e na cultura? No centro do processo de produção, como é que os esboços de cena, que testemunham as escolhas do artista na construção da sua estética, são decisivos para renovar a abordagem do investigador?
O objetivo deste volume é explorar estas questões de genética teatral, ainda hoje pertinentes, através de um conjunto de estudos de caso do teatro europeu do século XIX ao século XXI.