Ler A Estética da Resistência
Jornada de trabalho em torno da obra de Peter Weiss
com Fernando Matos Oliveira e Luís Trindade
10 SETEMBRO – ONLINE*
Acesso gratuito • Inscrição prévia em:
https://bit.ly/escola-da-resistencia-5
Proponho um diálogo entrecortado por citações, justaposições e associações relacionadas sobretudo com a tópica da écfrase e da representação n’A Estética da Resistência, de Peter Weiss. Esta tópica será sucessivamente confrontada (1) com a política da representação que emerge neste romance maior de Weiss, (2) com a escrita para teatro do mesmo autor, (3) com a arte do teatro enquanto dispositivo de “presentificação” e ainda (4) com os caminhos que hoje cruzam de modo enfático a esfera do político e do estético, desde a “frase-imagem” de Rancière à exigência de um trabalho intenso com a “forma e a perceção” no teatro contemporâneo, proposto por H-T Lehmann.
Fernando Matos Oliveira é Professor Associado no Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes (DHEEAA) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde coordena o Doutoramento em Estudos Artísticos. Principais áreas de interesse: Estudos Teatrais e Performativos; Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. Entre os trabalhos publicados contam-se monografias, a edição de volumes temáticos e a publicação de artigos sobre teatro, performance e literatura em diversas revistas nacionais e internacionais. Como diretor do Teatro Académico de Gil Vicente [www.tagv.pt] tem apoiado a realização de projetos de investigação pela prática, ao nível do mestrado e do doutoramento. Membro integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares [www.uc.pt/iii/ceis20], onde coordena um grupo de investigação na área das artes.
https://apps.uc.pt/mypage/faculty/fmatos/pt
Nesta apresentação, tentarei situar A Estética da Resistência, de Peter Weiss, num conjunto mais vasto de obras que representaram – literária e cinematograficamente – situações de radicalização política. Não se tratará tanto, porém, de procurar uma cultura política radical nas situações históricas e narrativas dessas obras, mas de discutir as formas como estas usam o tempo – ou melhor, a duração – para recriar o socialismo. Mais especificamente, através do romance de Weiss, mas também dos trabalhos de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub, Peter Watkins e Alexander Kluge, entre outros, proponho explorarmos o papel da duração na reconstituição de um tempo de resistência como ‘eternidade de debate e desacordo’ (na definição de Fredric Jameson na introdução à tradução inglesa da obra de Weiss). Esta temporalidade pode ser vista em si mesma como uma forma de resistência, sobretudo num presente histórico, como o nosso, que hesita entre a suspensão do tempo e a aceleração apocalíptica.
Luís Trindade é historiador cultural e professor de história contemporânea na Universidade de Coimbra. Tem trabalhado a relação entre vários tipos de narrativa (literária e cinematográfica) e momentos de transformação histórica, especialmente em contextos de radicalização política, como processo revolucionário de 1974-75.
* No dia 10 de setembro será disponibilizado a todos os inscritos, através de email, um link para visualização da sessão previamente gravada com Fernando Matos Oliveira e Luís Trindade. Este registo ficará disponível até às 23h59 de 12 de setembro.
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ESCOLA DA RESISTÊNCIA
Direção e Coordenação de Gonçalo Amorim e Rui Pina Coelho, numa parceria entre o TEP – Teatro Experimental do Porto e o CET – Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
O TEP – Teatro Experimental do Porto prepara-se para estrear, em novembro de 2021, o espectáculo Estética da Resistência, um texto de Rui Pina Coelho, a partir da leitura do primeiro volume de A Estética da Resistência (Die Ästhetik des Widerstands, 1975), de Peter Weiss. Sendo um romance icónico para as esquerdas europeias, é uma das obras mais importantes da literatura alemã do século XX. A ação dramática decorre no fim dos anos trinta do século XX: três jovens operários, entre os 16 e os 17 anos, procuram maneiras de mostrar o seu desprezo pela Alemanha nazi. Encontram-se em galerias de arte e em museus e, discutindo e conversando, buscando as ligações entre a resistência política e a prática artística. Nisto, faz denotar a incrível afinidade entre a resistência política e a arte. O que o romance exemplarmente propõe como forma de resistência é a fruição da arte, a camaradagem, a conversa e a paragem do tempo. Propõe a desaceleração.
Deste modo, a preparação do espetáculo tentará respeitar estas coordenadas, propondo à equipa artística uma jornada de maturação progressiva dos conteúdos e temáticas a trabalhar.
Esta jornada de estudo e resistência será a Escola da Resistência.
Um conjunto de intervenções artísticas e/ou académicas realizadas na sala de ensaios* do TEP – Teatro Experimental do Porto. Pretende-se que cada um dos momentos seja um encontro informal com os espectadores, aproximando o público aos processos de criação artística, esbatendo as fronteiras entre quem faz e quem vê, quem fala e quem ouve, quem pensa e quem aprende, continuando, deste modo, as linhas de trabalho existentes no TEP nos últimos anos, em que os se procuram processos de criação, de escrita e de encenação, horizontais e colaborativos.
*Tendo em conta as condicionantes impostas pela pandemia de COVID-19 e as recomendações da Direção-Geral da Saúde, esta sessão decorrerá online. As próximas sessões da Escola da Resistência realizar-se-ão presencialmente.