O debate em torno do teatro que se faz, se organiza, se vê, se deseja, ou se estuda, em Portugal tem concitado opiniões avulsas, escritos por vezes de circunstância, discussões relativamente acaloradas, e algumas reuniões maiores em que as questões mais prementes acabam por ser equacionadas. Duas delas fornecem o material de base de que se compõe este livro: I Congresso do Teatro Português, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian em 1993, e o Colóquio «O homem de costas: O corpo no teatro, cinema, fotografia e artes plásticas», que o Centro de Estudos de Teatro organizou em 2003 também na Fundação Calouste Gulbenkian. Muitas das comunicações apresentadas nestas duas realizações maiores têm um incontestável valor documental, mas a ele se acrescentam razões reflexivas e artísticas que justificam uma leitura atenta. Às intervenções registadas acrescentou-se um ensaio introdutório que acompanha muita da reflexão dos profissionais de teatro nos quase vinte anos que antecederam o Congresso, ou seja, desde 1974, visando sublinhar não apenas linhas de desenvolvimento da realidade teatral, mas também a persistência de preocupações, anseios e contradições que necessariamente se poderiam identificar num campo cultural tão vasto, complexo e heterogéneo como este, ao longo de quase duas décadas. Por seu lado, os textos do Colóquio apontam já para o alargamento do campo de reflexão trazido pelos Estudos de Teatro, introduzidos entre nós na década de 90, uma vez que neste novo território do saber convergem outras práticas artísticas, outras razões teóricas e outras condições epistemológicas. Assim segue entre nós o teatro em debate(s) que aqui, de forma privilegiada, se regista como contributo para uma mais ampla história do teatro em Portugal.
O teatro em debate(s)
